A cidade do Guarujá (SP) ganhará um Centro de Capacitação Profissional para Pessoas com Deficiência. A unidade será erguida na Apae, em Vicente de Carvalho, e deverá atender inicialmente 200 pessoas, em quatro cursos de seis meses de duração.
Os recursos para a construção do equipamento, que deve ficar pronto no próximo ano, foram destinados em 2007 ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) pela Cutrale. São ao todo R$ 255 mil.
Segundo o presidente atual da entidade, Marco Antônio Magalhães Duarte Silva, a diretoria na época direcionou o dinheiro para o Fundo Social de Solidariedade. “O objetivo era construir um centro de inclusão da pessoa com deficiência, mas ocorreram entraves em relação ao terreno e os recursos voltaram para o CMDCA”.
A Apae de Guarujá, então, apresentou o projeto do centro de capacitação. “Vamos desenvolver essa unidade em parceria com a Avape (Associação para Valorização das Pessoas com Deficiência), que vai ministrar os cursos”, afirma o presidente interventor da Apae, Fernando Monte.
O centro terá 136 m2 e duas salas com capacidade para 20 e 25 pessoas, além de uma de informática para 12. A princípio os cursos serão de almoxarife, auxiliar de limpeza, auxiliar de hotelaria e auxiliar de escritório. “Fizemos um estudo junto à Avape para definir os cursos que mais empregam. Hoje a falta de qualificação é um dos principais entraves”, afirma Monte.
Ele explica ainda que qualquer pessoa com deficiência poderá participar. Entretanto, a pessoa deve ser moradora da cidade, ter pelo menos o Ensino Fundamental e comprovar carência financeira . “O processo de seleção será por meio de entrevistas com os interessados”.
A entrega do cheque para a construção da unidade foi feita na semana passada. O diretor de Relações Trabalhistas da Cutrale, Carlos Otero de Oliveira, afirma que esta já é a segunda vez que a empresa destina recursos para o CMDCA. “Em 2005 também destinamos R$ 15 mil, que foram usados na construção da cobertura da quadra da Apae”.
A vice-presidente do Conselho da Pessoa com Deficiência de Guarujá, Maria Angélica de Araújo, afirmou durante o evento que uma das principais preocupações do conselho é justamente com o cumprimento da cota de deficientes dentro das empresas. “Ninguém é admitido por bondade. A pessoa precisa estar capacitada para o cargo”.
Segundo ela, um dos empecilhos para que as pessoas busquem qualificação, entretanto, é o medo de perder o Benefício de Prestação Continuada (BPC), do INSS.
“Elas temem abrir mão disso e depois serem demitidas. Mas este centro de capacitação é um divisor de águas no Município, porque eles saberão que haverá uma porta fixa de capacitação. Pois apenas um salário mínimo não dá conta das necessidades de uma pessoa com deficiência”
Entidade está sob intervenção
A construção de um centro de capacitação na Apae de Guarujá simboliza, neste momento, um marco na recuperação da entidade – desde dezembro de 2009 sob intervenção da Prefeitura.
Organização com 15 anos de fundação, a Apae acumulava na época da intervenção aproximadamente R$ 1 milhão em dívidas. “Já conseguimos reduzir pela metade, mas por causa disso nossos recursos são exclusivos da Prefeitura e das pessoas que ajudam voluntariamente.
Não podemos receber ajuda de outras esferas governamentais”, afirma o presidente interventor da Apae, Fernando Monte. Hoje a entidade conta com 107 assistidos e cerca de 40 profissionais. Há cursos variados e atendimento na área da saúde.
Telemarketing
Um grande aliado para manter tudo isso é o telemarketing da instituição, que soma mais de 1 mil contribuintes. “A pessoa pode doar quanto quiser. O motoboy depois vai buscar o dinheiro na casa da pessoa”, afirma a responsável pelo serviço, Sueli de Jesus Pira. O telefone para quem quiser ajudar é 3342-2750.
Ajuda
Quem quiser fazer doações à Apae de Guarujá pode ligar para o telefone 3342-2750 ou ir pessoalmente à entidade. O endereço é Rua Hermínia Caldas, 516, Jardim Progresso, Vicente de Carvalho.